27-28-29 set 08
Aix en Provence-Avignon-Chateauneuf du Pape-Marseille
No dia 27 passamos a manhã e a tarde em Aix-en-Provence (www.aixenprovencetourism.com), visitamos a famosa feira ao ar livre da ‘Place des Prêcheurs’ e ‘Place de Verdun’. Almoçamos na rua Cours Mirabeu e ao fim da tarde fomos de carro para Avignon. No dia 28 pela manha fomos a pequena cidade de Isle sur la Sorgue distante poucos quilometros de Avignon, visitamos sua famosa feira de rua que acontece no centro antigo da cidade. No dia seguinte, 29, nosso plano era conhecer Chateauneuf-du-Pape (A.O.C. Chateauneuf-du-Pape) e ao fim do dia irmos a Marseille.
FEIRA DE RUA EM AIX-EN-PROVENCE
Aix-en-Provence é conhecida como a cidade do pintor Cezanne, o Monte Sainte-Victorie está proximo a cidade e foi pintado dezenas de vezes por Cezanne. A editora Taschen (www.taschen.com) possui livros sobre Cezanne, já folheei alguns em livrarias. O interessante desta estoria toda é que Cezanne deveria ser um atrativo somente a pessoas que se interessam por arte mas a organização turistica é tão boa que todos os turistas acabam por se interessar por Cezanne. Digamos que Cezanne fez Aix-en-Provence, os Papas catolicos fizeram Avignon e o vinho fez Chateauneuf-du-pape (pequena cidade com alto indice de turismo em torno do vinho de mesmo nome), enfim alguem precisa ser o cartao postal da cidade, a partir disto é preciso vender bem a ideia para então a cidade ser alçada a categoria de cidade turistica.
Acordamos no Hotel Campanile Oest em Aix-en-Provence, um pouco atrasados. Arrumamos todas as nossas bagagens no carro, pois ao fim do dia iriamos para Avignon, e fizemos o checkout no hotel. Seguimos as placas para o centro de Aix-en-Provence, estacionamos o carro em um estacionamento subterraneo (há muitos destes nas cidades da Espanha e França) na area central da cidade e seguimos a pe para as ruas movimentadas do centro antigo de Aix-en-Provence. Andamos alguns minutos e percebemos que nao tinhamos um mapa e portanto seria bem dificil encontrar a feira, voltamos e encontramos a Oficina de Turismo onde ganhamos um mapa do centro antigo da cidade. Alguns minutos depois encontramos a feira na Place des Prêcheurs e Place d Verdun, onde ela acontece de terça, quinta e sabado. Era um sabado e oficialmente a feira é somente pela manha, mas de 11:30, horario que chegamos, a 13:30 o local esteve cheio e funcionando a todo vapor. Observei que há muitos queijos, azeitonas e azeites, especiarias, sabonetes e perfumes artesanais, alem de muitos cogumelos. Algumas verduras são muito caras, como o alface, já queijos e azeites são baratos. Cogumelos apesar de serem muitos e de diversas especies não sao baratos. Lembro-me bem do cheiro intenso do morango, surpreendente.
cogumelo no mercado ao ar livre de Aix-en-Provence (França)
Morango a venda na feira livre em Aix-en-Provence (França)
A Provença é a regiao da trufa (http://pt.wikipedia.org/wiki/Trufa), pequeno e esquisito cogumelo que nasce debaixo da terra que não é possivel de plantar-se, para encontra-lo usa-se cães ou porcos treinados. De acordo com o livro Toujours Provence (1991, Peter Mayle – link para site) os porcos sao melhores que cães porem necessitam de maiores cuidados. Não encontramos trufas pois sua epoca vai de novembro a março. Na feira aproveitamos para comprar o que faltava de ingredientes para o nosso jantar e cafe da manha do dia seguinte: tomates, alface, azeitona verde e tapenades de berinjela e azeitona preta.
ALMOÇO NA COURS MIRABEAU
Terminada as compras na feira, chamada de Mercado de Aix nos guias de turismo, andamos a pé ate a Cours Mirabeau. Almoçamos no Irish Pub The Four Courts, não me ficou claro o porque de um pub irlandes em Aix-en-Provence. Pedimos um vinho rose Chateau Pigodet (www.pigoudet.com), garrafa 375 ml, Appelation Coteaux D’Aix en Provence Controlée.
Vinho Rose do Chateau Pigoudet
Para comer pedimos umas bruschetta de cogumelos e legumes, servida numa tabua de madeira. Estava excelente, assim como o vinho rose.
Prato Bruschetta
NOVAS MOCHILAS E DISPARO DO ALARME
Terminado o almoço, resolvemos ir a uma loja da Decatlhon (www.decathlon.fr) ali perto pois julgamos que esta era uma boa hora para comprarmos novas mochilas ja que as nossas nao tinham mais espaço para as garrafas de vinho, livros e acessorios gastronomicos que compramos em cada lugar que visitamos. Eu tinha quase dois quilos de folhetos que recolhia por todo local que visitava, garrafas de vinhos portugueses, espanhois e franceses. A Isabel tinha ainda mais vinhos em sua mochila, alem de livros de gastronomia e azeites. Minha mochila tinha capacidade para 32 litros, muito pequena para o nosso tipo de viagem, a mochila da Isabel era de 50 litros. Resolvi comprar uma mochila de 60 litros (89,90 euros) e a Isabel uma mala de rodinhas com capacidade para 55 litros (45 euros). Porem, tive uma boa surpresa na loja Decatlhon de Aix-en-Provence, utilizando algumas poucas palavras em frances fiz a compra da mochila e da mala, a Isabel havia saido em busca de um banheiro, e antes de sair pela porta da loja inseri minhas sacolas de mão adquiridas na feira e a mochila de 60 litros recem comprada dentro da mala de rodinhas. Feito isso sai pela porta, percebi um som de apito mas nao dei atenção. Em seguida veio o guardinha da loja falando frances freneticamente, olhei pra ele e tratei de mostrar a nota fiscal, ele nao ficou muito convencido e entao eu fiz sinal para entrarmos na loja novamente. Dentro da loja eu mostrei pra ele quem me vendeu, ambos conversaram alguma coisa e ele me pediu que passassem com as coisas novamente pela porta de saida. Passei e nao apitou como da primeira vez, passei novamente e não apitou, assim fui liberado. Apos este sufoco aprendi que num pais em que não se fala a lingua é preciso executar somente procedimentos padroes, nada de inovar no script. Eu deveria ter saido com todas as compras na mao, apesar do incomodo de leva-las, e nao inserido tudo dentro da mala de rodinhas. Como mudei o script o guardinha levou um tempo a mais para entender o que havia acontecido.
A Isabel apareceu logo depois, sem encontrar banheiro em lugar algum pois este é um problema da França: estabelecimentos comerciais como lojas não disponibilizam banheiros e até agora não entendi o porque. Apenas alguns bares e restaurantes possuem banheiros para seus clientes, a Isabel estava inconformada e com razão. Ainda fizemos tentativas em outros locais mas nao encontramos. Pegamos o carro do estacionamento e saimos de Aix-en-Provence em direção a Avignon, que ficava 64 quilometros ao noroeste. Na estrada, numa area de parada (sempre vemos franceses fazendo piquinique nestas areas) que tem muito aqui na França, indicada por placas com o dizer ‘AIRE’, encontramos banheiros.
AVIGNON
Chegamos em Avignon (www.avignon-tourisme.com) no final da tarde, ainda estava de dia. Encontramos o Hotel Ibis sem muita dificuldade e nada comparado aos problemas de localização que enfrentamos em Evora (Portugal) e Jerez de la Frontera (Espanha). O Hotel Ibis era ao lado da Gare de Avignon e isto ajudou muito, sem duvida, pois apenas seguimos as placas que indicavam Gare de Avignon. ‘Gare’ são estações de trem, SNCF e TGV. Avignon foi sede do Papado Catolico na era medieval, por mais de cem anos. Imagino que deva ter acontecido uma briga feia em Roma e apos isto eles decidiram transferir para Avignon a sede da Igreja Catolica. Hoje em dia o castelo, jardins e aposentos da epoca dos Papas são as grandes referencias turisticas da cidade.
Estacionamos o carro no estacionamento abaixo do hotel, que imaginamos faça parte da Gare de Avignon. Pegamos apenas as coisas mais importantes e deixamos a mala com as garrafas de vinhos e a mochila de 60 litros dentro do carro. Antes de começarmos a preparar nosso jantar com o que comprarmos na feira de Aix percebemos que haviamos esquecido o pão. Fui então ate uma boulangerie (loja de pães) dentro dos limites da cidade antiga de Avignon, a cinco quadras do hotel.
Na manha do dia seguinte, 28/09, comemos nosso petit dejeuner no hotel. Nosso objetivo era ir ao mercado (feira livre) de Isle sur la Sorgue, pequena cidade a alguns quilometros de Avignon. De carro pegamos a saida para Orange, apos nos perdemos por quase 30 minutos. Em menos de uma hora estavamos em Isle sur la Sorgue, a pequena cidade estava cheia de gente e tivemos trabalho para estacionar o carro. A feira acontece aos domingos, com termino previsto as 12h00/13h00. Chegamos proximo das 12h00 e aproveitamos a feira pouco mais de uma hora, o que considerei tempo suficiente. Compramos pães, banana, tapenades, azeitonas, tomates e flor de sal. Deixamos Isle sur la Sorgue e seguimos para Carpentras, cidade famosa por suas trufas. Como era domingo não encontramos nada aberto então apenas circulamos de carro alguns minutos e retornamos para Avignon.
Em Avignon, no hotel, resolvi descansar enquanto a Isabel visitava o centro antigo e o Castelo Papal, a maior atração turistica da cidade de Avignon. A noite tomamos um cafe no restaurante do hotel e jantamos o que haviamos comprado na feira de Isle sur la Sorgue, mais o vinho branco portugues Paço de Teixeró 2007 (www.pacodeteixero.pt), o que nos fez relembrar Portugal. No dia seguinte, 29/09, decidimos visitar a pequena cidade famosa pelos vinhos Chateauneuf-du-Pape.
CHATEAUNEUF-DU-PAPE
Dia 29/09 pela manha fizemos checkout no hotel Ibis (Gare de Avignon), carregamos o carro com as bagagens e partimos para Chateauneuf-du-Pape, distante poucos quilometros de Avignon. Por sorte não erramos o caminho pois pega-se uma estrada municipal para chegar a cidade de Chateauneuf-du-Pape. Pouco antes de se entrar nos limites da cidade as plantações de uvas já começam a aparecer, para então descortinar-se uma enorme quantidade de Chateaux com placas onde lia-se: ‘Degustação e Venda’.
Chateauneuf-du-Pape (França)
Seguimos direto para o centro antigo da cidade, estacionamos o carro e fomos a Oficina de Turismo onde pegamos dois mapas e nos informamos sobre os Chateaux que aceitavam visitas naquele dia. Consultamos o mapa e decidimos ir ate o Chateau de La Gardine.
Office de Tourisme em Chateauneuf-du-Pape
De carro fomos ate o Chateau de La Gardine que ficava proximo, porem fora da cidade. Em 10 minutos, a partir do momento em que ligamos o carro, já estavamos lá. Não gostamos do sistema deste Chateau pois fomos atendidos como se fossemos compradores de varias garrafas de vinho. Na verdade queriamos aprender sobre o vinho e a região em que é produzido. No sistema do Chateau de La Gardine fomos convidados a degustar todos os vinhos da casa e então comprar algumas caixas. Recusamos a oferta e saimos. Aproveitamos para curtir a paisagem proporcionada do patio de entrada, muito bonita com o Rio Rhone ao fundo e as plantações de uvas em primeiro plano.
Vista da entrada do Chateau La Gardine
Para apagar a má impressão do Chateau de La Gardine resolvemos ir ao Musée du Vin da Maison Brotte (www.brotte.com), assim teriamos uma boa chance de aprender algo sobre os vinhos Chateauneuf-du-Pape. O museu é bonito e organizado, com muito material e informação sobre a região e os vinhos de Chateauneuf-du-Pape. O pacote que pagamos incluia a degustação de dois vinhos, experimentamos o rose Tavel e o branco Chateauneuf-du-Pape. O rose foi surpreendente e compramos uma garrafa para trazer (custo 9 euros). No dia seguinte vi em minhas anotações e lembrei que no livro ‘Toujours Provence’ o autor Peter Mayle cita o vinho rose Tavel como o melhor vinho rose da Provença. Compramos tambem uma garrafa do branco Maison Brotte Chateauneuf-du-Pape. Encontramos no museu um casal de brasileiros em lua de mel, Pedro e Paloma, tinham acabado de chegar de Paris e tambem estavam de carro fazendo algumas cidades famosas pelos vinhos.
Musee du Vin - Maison Brotte
Terminada nossa visita ao museu pretendiamos realizar mais uma visita a uma cave e escolhemos a Maison Boauchon (www.maisonbouachon.com), que ficava dentro da cidade. Desta vez fomos surprendentemente bem atendidos, falamos que eramos do Brasil e o rapaz que nos atendeu disse que uma biologa que trabalhava na Maison era brasileira. Falamos a ele sobre nossa viagem e o que buscavamos. Ele pareceu entender e nos explicou tudo sobre a região e os vinhos Chateauneuf-du Pape. Visitamos a cave e aprendemos que quando um vinho não respeita as regras de nenhuma A.O.C ele é um vinho de mesa, vinhos Chateauneuf-du Pape devem ser armazenados pelo menos dois anos em barricas novas de carvalho, quando então os vinhos monovarietais são misturados em barris grandes (na Espanha chamados de Balseiros). Depois são envelhecidos mais 9 meses quando então são filtrados e engarrafados. Cada barril de carvalho pode ser usado no maximo 4 anos.
Cave na Maison Bouachon, em Chateauneuf-du-Pape (França)
Na Maison Bouachon degustamos dois vinhos tintos Chateauneuf-du Pape (2005 e 2006) e um branco 2007. Compramos uma garrafa do tinto 2006 a 18 euros. Terminada a visita seguimos pela autoestrada A7 em direção a Marseille, passando proximo a Avignon e Cavaillon. No caminho paramos no posto Total proximo a Lançon de Provence, a 40 km de Marseille, ao lado havia um Hotel Mercury. Neste posto, que na verdade era um misto de lanchonete, mercado e livraria, comprei o livro ‘Les Plus Grans Vins de France’, custo 20 euros.
MARSEILLE
Chegamos de carro a Marseille proximo das 17:00, o transito estava carregado. Havia me precavido no dia anterior ao comprar o mapa Michelin da cidade de Marseille (5,60 euros). Nosso objetivo era encontrar a Gare St Charles onde devolveriamos o Peugeot 207 na locadora de veiculos Europcar. Atraves do mapa conseguimos encontrar a Gare St Charles porem o transito estava intenso e em frente a Gare estacionamos o carro no primeiro estacionamento subterraneo que encontramos, proximo a estação de trem. A pe, sem as mochilas, descobrimos onde era o hotel que nos hospedariamos (ficava 100 metros da estação) e onde era a Europcar. Fomos ao carro, pegamos as mochilas e as levamos para o Hotel Vertigo (www.hotelvertigo.fr), rue des Petites Maries, 42, um hotel apenas razoavel, nao possuia TV e o quarto era bem velho, porem sua area de convivencia e localizaçao em frente a Gare tornava-o razoavel. Saimos do hotel com pequenas mochilas e fomos a Europcar, lá explicamos onde deixamos o carro e a funcionaria pediu nosso cartao de estacionamento. Minutos depois ao sairmos da Europcar lembramos que nao haviamos preenchido o tanque com gasolina, porem nao podiamos mais sair com o carro pois haviamos deixado o ticket de estacionamento com a funcionaria. Voltamos a Europcar e a moça que nos atendeu havia rasgado o ticket, ela entao deu-nos um papel com um numero e nos disse para utiliza-lo ao tentar sair com o carro do estacionamento. Fizemos o combinado porem ao tentar sair com o carro não conseguimos nos fazer entender completamente pelo funcionario do estacionamento. Neste momento estavamos furiosos, confusos e com raiva. Resolvemos entao entregar a chave do carro com todos estes problemas ainda por resolver, voltamos a Europcar e na fila percebemos que deixamos no carro o contrato de locação, voltei novamente ate o carro para pegar o documento. Apos entregar finalmente a chave e os documentos estavamos exaustos, fisica e mentalmente.
Enfim, uma sucessão de erros de nossa parte e do outro lado uma pessoa de má vontade e provavelmente fazendo um trabalho do qual não gosta. Para eliminarmos um pouco este sentimento ruim resolvermos descer a pe a avenida em frente a Gare St Charles e conhecer o porto de Marseille. Andamos alguns minutos e chegamos ao porto, caminhamos pela calçada proxima ao bares e chegamos a pedir sorvetes. Ali perto resolvemos ir a Galeria Lafayete, onde compramos comida para nosso jantar a noite no hotel. Voltamos a pe pelas mesmas ruas que haviamos ido e antes de irmos para o hotel fomos ate ao guiche de atendimento do trem TGV perguntar se havia necessidade de validarmos nossos bilhetes impressos da internet para a viagem do dia seguinte. A resposta foi que não havia necessidade, com o proprio bilhete impresso da internet podia-se viajar. As 20:00 estavamos de volta ao hotel.
Aprontamos rapidamente nosso jantar, abrimos dois vinhos de meia garrafa, um rose cotes de provence e um tinto pinot noir, acompanhados de sanduiche de queijo com salada e tapenades. Ainda tentei sem sucesso conectar-me a internet, estava atrasado com minhas publicações na internet. Fui na recepção e na sala de convivencia, mas a ajuda que recebi não foi suficiente. O sistema encontrava a rede wireless do hotel, solicitava autenticação mas depois disto nada acontecia, como se os dados de autenticação fossem enviados diretamente para um buraco negro.
No dia seguinte, 30/09, acordamos muito cedo e fizemos nosso cafe da manha no proprio quarto pois haviamos comprado comida suficiente. As 6h40 ja estavamos na gare aquardando o trem TGV para Paris. As 7h30 da manha o trem TGV de dois andares partiu para Paris.
Você precisa fazer login para comentar.